TIQUES: SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTO


Como podem ser definidos os tiques nervosos?


Os tiques são movimentos rápidos que surgem de forma súbita involuntária e repetidamente, num determinado grupo de músculos, mas também podem ser vocalizações que ocorre sem controlo.

Podemos distinguir dois tipos de tiques, os tiques motores e os tiques fónicos, ou seja, alguns envolvem movimentos corporais e outros emitem sons.

Os tiques motores, podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas na maioria das vezes, são executados pelos músculos da cabeça, dos olhos, da face ou pescoço. Estes movimentos involuntários, são responsáveis por, piscar os olhos, movimentar os ombros, fazer caretas, morder a língua, espasmos musculares, mexer a cabeça, contrair a barriga, mexer no cabelo, fazer gestos com as mãos ou braços, cheirar coisas, entre outros.

Os tiques fónicos ou vocais, tal como o nome indica, provocam sons, tais como, grunhidos, tosse, fazer estalinhos com a língua, gritar, fungar, repetir palavras fora do contexto, emitir um som sem significado, mudar o tom de voz ao falar, assim como podem ser o repetir de palavras imediatamente após ouvi-las ou até incluir palavras insultuosas no discurso, entre outros.

Além da distinção dos tiques, em função do tipo de músculos envolvidos, as perturbações dos tiques podem ser classificadas em três categorias:

I) Tiques vocais ou motores crónicos-Existência de tiques motores ou vocais, com duração superior a 12 meses, frequentemente associada a hiperactividade e a défice de atenção.

II) Tiques transitórios - Existência de tiques motores ou vocais, com duração de pelo menos 4 semanas e não mais de 12 meses consecutivos.

III) Perturbação Gilles de la Tourette – Coexistência de múltiplos tiques motores e pelo menos um vocal, com duração superior a 12 meses e geralmente inicia-se na infância.

A Perturbação Gilles de la Tourette não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado que pode incluir o uso de medicamentos e psicoterapia, permitindo que a pessoa consiga ter uma vida normal.

As pessoas com este tipo de perturbação, podem também apresentar outras dificuldades, tais como, défice de atenção, hiperactividade, problemas de sono ou perturbação obsessivo compulsiva.

Muitos portadores deste tipo de perturbação, desenvolvem comportamentos impulsivos, agressivos e autodestrutivos. As crianças frequentemente apresentam também dificuldades de aprendizagem. A causa destes comportamentos, poderá estar relacionada com a própria perturbação ou com o enorme stress de conviver com a mesma.

Esta perturbação, afeta cerca de 1 em cada 100 crianças. Os tiques e surgem antes dos 18 anos, geralmente começam por volta dos seis anos de idade mas, é ao longo do desenvolvimento da criança que muitas vezes se tornam mais graves. Geralmente, a fase mais complicada é entre os 10 e os 12 anos de idade e normalmente começam a diminuir durante adolescência mas, podem voltar em situações de maior ansiedade e até perdurar para sempre, com fases de remissão de semanas e até anos.

As causas desta perturbação podem ser orgânicas, como resultado de abuso de substâncias, sintomas de abstinência de drogas, traumatismo craniano, predisposição genética, doenças de foro neurológico ou de origem emocional que surgem associados a episódios traumáticos, onde os tiques surgem como forma de aliviar a tensão interior.

Nem sempre as crianças ou até mesmo os adultos têm consciência dos seus tiques, no entanto, ao longo do tempo, acabam por sentir determinado impulso antes do tique e a sensação de alivio após a sua execução. Surgindo assim a necessidade de repetir determinados tiques até sentirem a ansiedade ou tensão a diminuir.

Alguns tipos de tiques podem ser controláveis, por períodos de tempo reduzidos, no entanto, quando pessoa tenta evitá-los, após algum tempo, a sua tensão interior começa a aumentar e, nessa fase tornam-se inevitáveis, fogem ao seu controle e a pessoa acaba por ter de fazê-los, isto ocorre, pela necessidade de reduzir a tensão sentida.

Algumas pessoas até são capazes de suprimir os seus tiques, com maior ou menor dificuldade em alguns contextos, mas para outras torna-se impossível controlá-los sem ajuda, especialmente situações de stress emocional.

A sua duração e frequência é variável, pode ocorrem períodos em que a pessoa quase não tem necessidade de fazê-los, mas existem outras alturas, em que os tiques são totalmente incontroláveis. Não ocorrem durante o sono.

O tipo de tratamento e a duração, depende da gravidade dos
tiques. Um diagnóstico é sempre necessário e importante, tanto para os pais compreenderem a criança, como para aprenderem a lidar melhor com a situação. Evitando assim, que a criança se sinta incompreendida, sofra ainda mais com a sua perturbação e, consequentemente aumente a sua tensão interior e os tiques.

Os tiques causam sempre muito sofrimento à criança, comprometem o seu desempenho escolar e as suas relações interpessoais, sendo fundamental, recorrer a ajuda profissional, para descobrir a sua origem. Alguns tiques podem ser atenuados ou até eliminados, especialmente se estiverem relacionados com situações de cansaço, ansiedade ou stress, impedindo assim, a diminuição da autoestima, autoconfiança da criança ou agravamento dos mesmos.

Algumas sugestões para os pais ajudarem a criança a lidar melhor com os tiques 

1)Não abordar o tema na presença de outras pessoas.
2)Informar a escola da perturbação.
3)Evitar impedir, castigar ou recriminar a criança. A ansiedade só agrava os tiques.
4)Dar-lhe apoio e tranquilizá-la, dizer-lhe que vão procurar ajuda para os seus tiques.
5) Ignorar os tiques. Chamar a atenção da criança, só agrava mais os tiques.
6)Pedir às pessoas à sua volta para não fazerem comentários.
7)Evitar situações e lugares geradores de stress.

Sintomas associados à perturbação Gilles de la Tourette :
  • Obsessões e compulsões;
  • Impulsividade;
  • Ansiedade;
  • Hiperatividade;
  • Problemas de atenção/concentração;
  • Baixa autoestima;
  • Tristeza
  • Inibição social (sente-se frequentemente observado);
  • sentimentos de vergonha e de rejeição pelos pares;
  • Dificuldades de aprendizagem.




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