segunda-feira, 21 de março de 2016

TIQUES: SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTO




Como podem ser definidos os tiques nervosos?


Os tiques são movimentos rápidos que surgem de forma súbita involuntária e repetidamente, num determinado grupo de músculos, mas também podem ser vocalizações que ocorre sem controlo.

Podemos distinguir dois tipos de tiques, os tiques motores e os tiques fónicos, ou seja, alguns envolvem movimentos corporais e outros emitem sons.

Os tiques motores, podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas na maioria das vezes, são executados pelos músculos da cabeça, dos olhos, da face ou pescoço. Estes movimentos involuntários, são responsáveis por, piscar os olhos, movimentar os ombros, fazer caretas, morder a língua, espasmos musculares, mexer a cabeça, contrair a barriga, mexer no cabelo, fazer gestos com as mãos ou braços, cheirar coisas, entre outros.

Os tiques fónicos ou vocais, tal como o nome indica, provocam sons, tais como, grunhidos, tosse, fazer estalinhos com a língua, gritar, fungar, repetir palavras fora do contexto, emitir um som sem significado, mudar o tom de voz ao falar, assim como podem ser o repetir de palavras imediatamente após ouvi-las ou até incluir palavras insultuosas no discurso, entre outros.

Além da distinção dos tiques, em função do tipo de músculos envolvidos, as perturbações dos tiques podem ser classificadas em três categorias:

I) Tiques vocais ou motores crónicos-Existência de tiques motores ou vocais, com duração superior a 12 meses, frequentemente associada a hiperactividade e a défice de atenção.

II) Tiques transitórios - Existência de tiques motores ou vocais, com duração de pelo menos 4 semanas e não mais de 12 meses consecutivos.

III) Perturbação Gilles de la Tourette – Coexistência de múltiplos tiques motores e pelo menos um vocal, com duração superior a 12 meses e geralmente inicia-se na infância.

A Perturbação Gilles de la Tourette não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado que pode incluir o uso de medicamentos e psicoterapia, permitindo que a pessoa consiga ter uma vida normal.

As pessoas com este tipo de perturbação, podem também apresentar outras dificuldades, tais como, défice de atenção, hiperactividade, problemas de sono ou perturbação obsessivo compulsiva.

Muitos portadores deste tipo de perturbação, desenvolvem comportamentos impulsivos, agressivos e autodestrutivos. As crianças frequentemente apresentam também dificuldades de aprendizagem. A causa destes comportamentos, poderá estar relacionada com a própria perturbação ou com o enorme stress de conviver com a mesma.

Esta perturbação, afeta cerca de 1 em cada 100 crianças. Os tiques e surgem antes dos 18 anos, geralmente começam por volta dos seis anos de idade mas, é ao longo do desenvolvimento da criança que muitas vezes se tornam mais graves. Geralmente, a fase mais complicada é entre os 10 e os 12 anos de idade e normalmente começam a diminuir durante adolescência mas, podem voltar em situações de maior ansiedade e até perdurar para sempre, com fases de remissão de semanas e até anos.

As causas desta perturbação podem ser orgânicas, como resultado de abuso de substâncias, sintomas de abstinência de drogas, traumatismo craniano, predisposição genética, doenças de foro neurológico ou de origem emocional que surgem associados a episódios traumáticos, onde os tiques surgem como forma de aliviar a tensão interior.

Nem sempre as crianças ou até mesmo os adultos têm consciência dos seus tiques, no entanto, ao longo do tempo, acabam por sentir determinado impulso antes do tique e a sensação de alivio após a sua execução. Surgindo assim a necessidade de repetir determinados tiques até sentirem a ansiedade ou tensão a diminuir.

Alguns tipos de tiques podem ser controláveis, por períodos de tempo reduzidos, no entanto, quando pessoa tenta evitá-los, após algum tempo, a sua tensão interior começa a aumentar e, nessa fase tornam-se inevitáveis, fogem ao seu controle e a pessoa acaba por ter de fazê-los, isto ocorre, pela necessidade de reduzir a tensão sentida.

Algumas pessoas até são capazes de suprimir os seus tiques, com maior ou menor dificuldade em alguns contextos, mas para outras torna-se impossível controlá-los sem ajuda, especialmente situações de stress emocional.

A sua duração e frequência é variável, pode ocorrem períodos em que a pessoa quase não tem necessidade de fazê-los, mas existem outras alturas, em que os tiques são totalmente incontroláveis. Não ocorrem durante o sono.

O tipo de tratamento e a duração, depende da gravidade dos
tiques. Um diagnóstico é sempre necessário e importante, tanto para os pais compreenderem a criança, como para aprenderem a lidar melhor com a situação. Evitando assim, que a criança se sinta incompreendida, sofra ainda mais com a sua perturbação e, consequentemente aumente a sua tensão interior e os tiques.

Os tiques causam sempre muito sofrimento à criança, comprometem o seu desempenho escolar e as suas relações interpessoais, sendo fundamental, recorrer a ajuda profissional, para descobrir a sua origem. Alguns tiques podem ser atenuados ou até eliminados, especialmente se estiverem relacionados com situações de cansaço, ansiedade ou stress, impedindo assim, a diminuição da autoestima, autoconfiança da criança ou agravamento dos mesmos.

Algumas sugestões para os pais ajudarem a criança a lidar melhor com os tiques 

1)Não abordar o tema na presença de outras pessoas.
2)Informar a escola da perturbação.
3)Evitar impedir, castigar ou recriminar a criança. A ansiedade só agrava os tiques.
4)Dar-lhe apoio e tranquilizá-la, dizer-lhe que vão procurar ajuda para os seus tiques.
5) Ignorar os tiques. Chamar a atenção da criança, só agrava mais os tiques.
6)Pedir às pessoas à sua volta para não fazerem comentários.
7)Evitar situações e lugares geradores de stress.

Sintomas associados à perturbação Gilles de la Tourette :
  • Obsessões e compulsões;
  • Impulsividade;
  • Ansiedade;
  • Hiperatividade;
  • Problemas de atenção/concentração;
  • Baixa autoestima;
  • Tristeza
  • Inibição social (sente-se frequentemente observado);
  • sentimentos de vergonha e de rejeição pelos pares;
  • Dificuldades de aprendizagem.









          quinta-feira, 17 de março de 2016

          Divórcio dos pais ou divórcio dos filhos?



          São inúmeras as razões que poderão conduzir um casal para uma situação de divórcio e diversas as formas como cada divórcio poderá ser encarado. Cada casal, e cada elemento que o constitui, tem as suas próprias razões e características que influenciarão o decurso e o desfecho de cada processo. Nos casos em que se verifica a presença de filhos é fundamental que os pais tomem consciência de que o divórcio transformará completamente a vida dos mais pequenos.

          Muitos pais têm dificuldade em perceber que a existência de um conflito conjugal não implica que exista também um conflito parental. Em muitos casos, o sofrimento que estão a sentir enquanto casal impede-os de perceber o sofrimento das crianças, quase sempre inevitável. Porém, o modo como as crianças reagem depende da forma como seus pais se comportam, encaram esta mudança e agem.

          A partir do momento em que os pais decidem avançar com o divórcio as crianças deverão ser informadas pelo pai e pela mãe em conjunto, através de uma conversa previamente planeada, calma, aberta à expressão de sentimentos e adaptada ao nível desenvolvimental das crianças, poupando-a de pormenores sobre as causas do divórcio. Este deverá ser um momento de proximidade com os filhos e de demonstração do seu amor incondicional por eles.

          Algumas crianças tendem a culpabilizar-se pela situação, sendo fundamental que os pais lhes assegurem que a responsabilidade não é sua. Além disto, é comum os mais pequenos recearem a perda de um dos progenitores, pelo que estes deverão assegurar a sua presença na sua vida futura.

          Perante esta situação as crianças poderão reagir de diversas formas, dependendo da sua idade. As mais pequenas poderão manifestar irritabilidade, zanga, medo, sintomas físicos (dores da barriga, etc.), tristeza, desejo de reconciliação, sentimentos de culpa, etc., enquanto as mais velhas, nomeadamente a partir do início da adolescência, poderão reagir com sentimentos vergonha, traição, afastamento e tristeza. Todos estes sintomas poderão ser minimizado quanto menor for o envolvimento das crianças no conflito conjugal.

          Um divórcio implica sempre a saída de casa de um dos cônjuges e/ou, em alguns casos, das próprias crianças. Resta-nos questionar se o cônjuge que permite que as crianças saiam de casa ponderou sobre o impacto que esta abrupta alteração de rotina, ambiente e espaço terá no desenvolvimento emocional destas. Durante um processo de divórcio a rotina das crianças deverá ser alterada o mínimo possível, pelo que, na maioria das situações, deverá ser um dos pais a abandonar a casa.

          A saída de casa deverá ser efectuada na ausência dos filhos, evitando que este momento fique para sempre gravado na sua memória. A partir deste momento as crianças passam a ter duas casas. A apresentação da nova casa deverá ser efectuada calmamente, depois de alguma preparação.

          Embora em casas separadas, a presença dos dois pais na vida das crianças é imprescindível, pelo que o contacto e a expressão os seus sentimento pelo progenitor ausente deverá ser respeitada. Aplicar um regime de visitas quinzenal é divorciar os filhos do progenitor que não detém a guarda. As crianças têm o direito de estar várias vezes por semana com ambos os pais, assim como de poder contactar diariamente com o progenitor ausente.

          Muito mais há a dizer sobre as crianças e o divórcio. Certamente voltaremos a aprofundar este assunto em artigos futuros.

          Paulo Coelho - Psicólogo, in "mim – Clínica do Desenvolvimento".

          quinta-feira, 3 de março de 2016

          10 maneiras simples de melhorar a memória!


          É no Sistema Nervoso Central que chegam as informações relacionadas aos sentidos visão, audição, tato e paladar. 
          O cérebro é extremamente importante porque controla as nossas funções vitais e apesar de ser muito estudado ainda não o conhecemos totalmente...apesar das continuas investigações ainda existe muito por descobrir. 
          A memória é que nos dá a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis, no cérebro. É na memória que é feito o armazenamento de informações, através de experiências vividas ou ouvidas. Neste pequeno artigo, saliento algumas dicas de como poderemos desenvolver a memória. 

          1 - CONFIAR NA SUAS CAPACIDADES DE MEMORIZAÇÃO
          Confiar na nossa capacidade de retenção de informação e não estar constantemente a verificar se fizemos as coisas corretamente. Esta atitude, permite-nos registar as informações de modo mais eficaz e a possuir melhores memórias de determinada situação. 
          2- GESTICULAR

          Fazer gestos no momento em que se está a tentar memorizar algo, ajuda posteriormente as lembranças a ficarem mais nítidas. Quando utilizamos gestos e atos, durante o processo de memorização, a informação fica melhor registada.   

          3- DORMIR
          Dormir bem e fazer períodos de repouso, como uma sesta, após um período longo de estudo de novas matérias, permite um registo mais eficiente das aprendizagens.

          4- FECHAR OS OLHOS

          Fechar os olhos no momento em que se está a tentar memorizar determinada informação, ajuda a reter melhor a mesma.
          5- LER EM VOZ ALTA
          Verbalizar a matéria que deseja fixar, em voz alta, permite-lhe memorizar melhor o conteúdo. A informação é melhor registada, porque a entrada de informação é processada por dois órgãos dos sentidos - visão e audição.   
          6- O PODER DAS EMOÇÕES

          As emoções e as memórias estão interligadas. Quando estiver a tentar fixar algo, se olhar para objetos ou imagens que lhe transmitam estímulos emocionais, a sua memória irá conseguir registar melhor as informações pretendidas. 

          7- DIVERSIFICAR OS INTERESSES
          Ter interesse sobre temas diversificados e desenvolver o seu conhecimento em áreas distintas, é uma ótima forma de desenvolver a memória. Sempre que aprende novos conteúdos, desenvolve a capacidade de reter melhor as informações.   
          8- POSTURA
          Mudar de posição quando se está a estudar uma matéria diferente, ajuda a recordar melhor os conteúdos aprendidos. 
          9- ASSOCIAR IMAGENS MENTAIS
          Relacionar uma nova matéria com determinada imagem ou objecto no momento do estudo, ajuda a fixar melhor essa aprendizagem. 
          10- CIRCUNSTÂNCIAS

          Reconstruir a situação em que se estava, no momento em que não consegue recordar de algo, permite à memória aceder ao contexto, facilitando assim, a sua lembrança. 
          Por Maria Pascoal