terça-feira, 28 de abril de 2015

Dormir na cama dos pais? Nunca



Porque os filhos não devem dormir na cama dos pais? 

Existem inúmeros motivos importantes, não só para bem dos progenitores, como para os próprios filhos. Em algumas situações a troca de cama, podem ser motivadas pelos filhos, mas tem de existir consciência que condicionam a intimidade dos pais e, quanto mais frequentes mais contribuem para a diminuição da qualidade do relacionamento entre o casal. Mas, existem outras situações em que são os próprios pais a fomentar essa dinâmica, provavelmente por não terem as suas necessidades emocionais satisfeitas, tendem a procurar nos filhos essa compensação, por forma a atenuar a sua insatisfação emocional.

No entanto, independentemente das razões que originam esta dinâmica familiar, as consequências são sempre prejudiciais para todos os membros familiares. Diminuem não só a intensidade, mas também a qualidade do relacionamento entre o casal e, afetam o equilíbrio de amor necessário, na relação entre os pais e os filhos, por não existirem limites familiares saudáveis na definição de papéis, extremamente importantes, não só para que os pais possam beneficiar de momentos de intimidade, como para manter o fluxo constante de amor e afeto essencial de pais para filhos.

As dormidas frequentes na cama dos pais, constituem uma troca de papéis que potência o seu poder na família e enfraquece o relacionamento entre os pais, porque a forma como o amor se desenvolve entre os progenitores e os filhos é diferente da que fortalece o amor entre o casal. Os filhos não podem compensar os pais da necessidade de intimidade enquanto adultos. 

No caso de os pais estarem emocionalmente carentes, mesmo sem se aperceberem, acabam muitas vezes, por impedir que os filhos deixem de viver as experiências normais da idade, por se sentirem responsáveis pela satisfação emocionalmente dos pais. Os filhos não podem preocupar-se ou canalizar a sua atenção nas necessidades do progenitor e, esquecer as suas próprias necessidades emocionais. 

Numa família estruturada, os filhos como sentem as suas necessidades de afeto e de atenção satisfeitas, conseguem compreender e respeitar a intimidade dos progenitores. Se a família não é saudável e as crianças dormem no quarto dos pais, facilmente os seus problemas aumentam, por não existir tempo e espaço essencial para que os pais possam ter momentos para partilhar intimidade, amor e sexo, fulcrais para conseguirem manter uma relação equilibrada e feliz.  

A tendência de dormir na cama dos pais, ainda se torna mais complicada, no caso dos pais estarem divorciados, principalmente se os filhos ficam a viver a maior parte do tempo em casa de um dos pais. Nessa situação, sentem que perderam um progenitor e receiam perder o outro e a invasão do quarto dos pais é ainda mais frequente. Esta fase pode causar nas crianças enorme sofrimento e instabilidade. Reflexo do mesmo, manifesta-se por alguns sintomas, como queixas somáticas, medos, pesadelos entre outros. 

Neste contexto,  se o progenitor vive sozinho com a criança ou está poucas vezes com ela, pode ter alguma tendência para desejar dormir ao seu lado, não só para proporcionar à criança alguma segurança, como para o próprio progenitor, retirar desses momentos algum conforto e prazer.

As consequências desta dinâmica, só contribuem para tornar a criança mais dependente, dificultando a sua capacidade de adaptação e aumentando a sua resistência a qualquer tipo mudança. Esta situação pode gerar ainda efeitos mais graves, como sentimentos de abandono, traição, ciúme, entre outros, no caso de o progenitor iniciar uma nova relação. 

Como evitar que as crianças invadam o quarto dos pais? 

É recomendável que nessas alturas, sempre que a criança se levante e apareça no quarto dos pais, nunca seja permitido que fique no quarto dos pais e, todas as vezes em que isso acontece, a criança deve ser levada para o seu quarto.

progenitor deve ficar no quarto da criança, falar-lhe calmamente, contar-lhe uma história até que fique mais tranquila ou adormeça. Deve repetir este ciclo, sempre que a criança se levante. 

Igualmente importante é nunca se esquecer de elogiar o comportamento da criança, sempre que consegue permanecer no seu quarto a noite inteira. 

Estes comportamentos podem ser difíceis de evitar e podem ser desgastantes durante a noite, mas se os pais forem firmes no estabelecimento desta regra, a criança demora menos tempo a adquirir hábitos noturnos mais saudáveis, a tornar-se mais independente e com melhores competências de adaptação às mudanças do dia-a-dia. E os pais usufruem de maior intimidade e tranquilidade. 

*Mais sugestões no artigo - A hora de dormir é um pesadelo?       

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Os meus, os teus e os outros

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Qualquer casamento é, realmente, para toda a vida. Porque ocupa muitas memórias e porque condiciona, por mais que se não queira, todos os gestos amorosos que se terão a seguir.

1.Qualquer casamento (mesmo que não dure) é para toda a vida. Não é mau que seja assim. Mas é difícil. Muito difícil! Porque, se todos sabemos que sempre que namoramos, todos os dias, casamos mais um bocadinho, é difícil ter um coração que saltita, compromissos profissionais, uma agenda familiar, um corpo que se cansa ou se revolta, as actividades extra-curriculares, os trabalhos de casa, os banhos, as histórias, as lamúrias e as birras das crianças, alguém (na família) que fala por murmúrios ou por insinuações (e... atormenta), um chefe que reparte aqueles que «vestem a camisola» dos outros com quem amua, uma conta cujo saldo nos prega sustos que se farta, um cadastro de histórias de família que, não tendo a aragem chocante dum CSI, ao contrário dos episódios com que adormecemos, não castiga os inequívocos culpados, e comentários do género: «estás tão bem!» ou «os anos não passam por ti» que atordoam e latejam devagar.
É difícil (muito difícil) gerir uma vida a quatro mãos. Porque raramente colocamos nos nossos horários de todos os dias... conversar. E, muito menos, namorar. Em resumo: damos um tempo. Muitas vezes. Ou, se preferir, tornamo-nos estranhos com um presente comum. E, quando é assim, por mais que todos os casamentos sejam para toda a vida, poucos amores serão para sempre.

2.Qualquer casamento é, realmente, para toda a vida. Mas, então, quando nele se repartem um ou vários filhos, um casamento é para todo o sempre. Mesmo que os pais se separem ou divorciem. Por isso mesmo incomoda-me muito a fórmula: «os meus, os teus e os nossos». Porque, por mais que todos os pais repitam que gostam de todos os filhos da mesma forma, «os nossos» arriscam-se a sentir-se filhos de 1ª, «os meus» (mais ou menos) de 2ª e os «teus» serão... os outros.Ora, eu acho que, no contexto de famílias que se reconstroem, muitos filhos tornam-se (ainda) mais filhos e muitos enteados se sentem (felizmente) filhos, muitos filhos passam a ser (sem que ninguém queira) mais ou menos enteados. Toda esta complexidade (que será estimulante enquanto desafio) atropela, muitas vezes, uma nova relação amorosa. Contra a vontade de todos.Em primeiro lugar, porque por mais que a fórmula «quem meus filhos beija a minha boca adoça» esteja presente dentro de cada um de nós (quando ficamos atentos em relação aos gestos parentais da pessoa com quem compartilhamos, de novo, a nossa vida amorosa, ou da nossa parte em relação aos filhos dela) as crianças são uma entidade reguladora que testa, permanentemente, os pais o que faz com que (por dificuldades de leitura da nossa parte, por reações magoadas ou impulsivas que vamos tendo ou porque elas possam ser instrumentalizadas diante do sofrimento ou da ira de um dos pais) se azedem quaisquer processos de parentificação dos novos membros da sua família. Porque nem sempre a separação dos pais foi enquadrada por gestos esclarecidos que terão poupado uma criança do fogo-cruzado dos ressentimentos, da clivagem de lealdades ou dos episódios infelizes que envergonham ou atormenta os pais. Porque entre a separação dos pais e a entrada duma nova pessoa na vida de cada um podem não ter existido o tempo, as oportunidades e o bom senso que todos quereriam.Em segundo lugar, porque as crianças são jogadas - pelos pais ou pelas respetivas famílias de origem - para acusações tácitas ora de vítimas ora de vilões, com as quais elas não deixam de se sentir confusas e, ao mesmo tempo, engolidas por uma cascata de abandonos que lhes chegam dos protagonistas mais improváveis. Se nesse cenário de sofrimento elegerem um «inimigo público» (de preferência, o novo elemento da família alargada) estão a encontrar uma proteção para o sofrimento que as consome (o que, como se compreende, as segurará, por mais que fissure a nova relação de cada um dos seus pais ou a disponibilidade que essa nova pessoa possa ter para adoçar os seus gestos de parentalidade).Em terceiro lugar, porque deixar de existir «a nossa casa» e passar-se a ter «a casa da mãe» e a «casa do pai» exige um enorme bom-senso de cada um dos pais, no sentido de repartirem o tempo de parentalidade de forma tendencialmente idêntica para que comparticipem, de modo empenhado, em todas as tarefas de parentalidade, e de maneira a não deixarem enviesar os seus gestos parentais por um cuidado tão extremo que quase pareçam medricas.Em quarto lugar, porque se confiar um filho à mãe ou à sogra já é tão diferente, confiá-lo a um estranho que, pior, se transformou no presumível culpado por um divórcio que se vinha arrastando há anos, é uma tarefa terrível, que se torna mais insuportável quando essa pessoa reúne os requisitos de parentalidade que sentimos que nos faltarão.Em quinto lugar, porque a condição económica e a disponibilidade de espaços do pai e da mãe se poderão ter ressentido com o divórcio, o que dá lugar a rivalidades parentais escorregadias e a situações delicadíssimas, quando se trata de gerir os quartos ou as camas das crianças, por exemplo (que introduz clivagens muito grandes que colidem com a intenção, de cada um dos pais, de lutarem por uma paridade de cuidados, quando se trata de gerirem «os meus» e «os teus») ou os tempos que dedicam aos seus filhos (que faz com que muitos enteados tenham mais tempo de um dos pais que os seus próprios filhos, com tudo o que isso representa de fraturante para a nova fratria que se constitui).Finalmente, porque quando se gere a autoridade, os gestos de carinho ou o protagonismo protetor a tentativa de isenção de muitos pais e da sua nova companhia choca com a forma assustada como os filhos os interpretam, o que faz com que uma nova pessoa na relação de um dos pais se empurre a si própria, por excesso de zelo, para um papel omisso, que a transforma em madrasta ou em padrasto, muito mais que em tio ou noutro «pai».É claro que ao surgirem, numa família reconstruída «os nossos filhos» tudo fica mais derrapante: porque faz com que muitas crianças - que se foram sentindo filhas do novo companheiro (ou da nova companheira) de cada um dos pais - se poderão sentir... «despromovidas» diante de um novo bebé; porque é fácil que elas sintam, da parte do seu próprio pai (ou da sua mãe), um conjunto de cuidados tão atentos e tão delicados para com o bebé que as leve sentirem-se um bocadinho enteadas para os seus próprios pais; e porque um novo bebé pode aclarar uma distinção de cuidados tal de um dos pais e da sua nova companhia (em relação aos filhos de um e de outro, que já existam) que, em vez de ser um pequeno Messias, um bebé se transforma - pela forma como fratura as atenções, os cuidados e os carinhos de cada um - no protagonista que faz com que a relação reconstruída dos seus pais comece, irreparavelmente, a desmoronar-se.

3.Qualquer casamento é, realmente, para toda a vida. Porque ocupa muitas memórias e porque condiciona, por mais que se não queira, todos os gestos amorosos que se terão a seguir. Se, quando dele resultam uma ou várias crianças, ele se torna, contra o desejo de muitos pais, para todo o sempre, quando convivem mais do que um casamento e mães ou pais diferentes nos gestos de parentalidade de todos os dias, toda essa complexidade é muito mais exigente. Sê-lo-á mais se existirem «os meus, os teus e os nossos». E, por mais que se compreenda que o coração dos pais não seja tão elástico como só eles desejariam, filhos de 1ª, de 2ª e de 3ª são tudo aquilo que nos impede de ser pais. Hoje, e sobretudo, para sempre.

Escrito por Eduardo Sá, in Pais&Filhos

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Saber dizer não é dificil, mas necessário.

Quando os pais não sabem como lidar com as reivindicações e têm dúvidas na forma como devem educar?

Se as crianças viessem com livro de instruções? Seria mais fácil saber qual a melhor forma de reagir, no momento, em que fazem birras, quando acordam a meio da noite com pesadelos, quando não querem ir à escola, quando não querem comer? Seria muito mais fácil saber a fórmula para educar melhor. No entanto, apesar de muitas dessas situações serem normais e fazerem parte do desenvolvimento normal da criança, não podemos esquecer-nos que educar é dar muito amor, mas também é ter de dizer Não! Com firmeza quando é necessário.

Estes são ingredientes fundamentais para a criança, crescer saudavelmente e aprender a desenvolver a capacidade de lidar com as frustrações, não só com as atuais, mas também com as futuras. Se não aprender isso em criança, vai possivelmente sofrer muito mais quando crescer. Impor limites é educar melhor a criança, por forma a ficar melhor preparada para lidar com as contrariedades futuras.

Saber dizer NÃO! Pode não ser fácil, mas é essencial, não só para desenvolver sentimentos de segurança e autoconfiança, como para facilitar a aprendizagem de interiorizar que não pode ter tudo o que quer ou quando se deseja. Ajuda a criança a fortalecer a resistência à frustração e a crescer de forma mais saudável, por desenvolver capacidade de se ajustar melhor à realidade. Permitindo que não cresça a viver no mundo de fantasia e de facilidades, evitando assim, que sofra mais no futuro, por não ter adquirido essa competência em criança. 

Os pais sentem muitas vezes receio de dizer NÃO! Porque ao contrariar as suas vontades momentâneas, pensam que a criança se irá sentir-se frustrada, mas a imposição de regras não traumatiza as crianças, só as ajuda a desenvolver as capacidades fulcrais para a sua vida futura, tais como, aprender a lidar com as contrariedades e a ultrapassá-las de forma mais eficaz, implicando sentir menos frustração quando determinadas adversidades acontecerem no futuro, por terem criado mecanismos de defesa em criança.

Dizer NÃO! Ajuda a criança a distinguir o seu comportamento, quando se porta bem e quando se porta mal e, a interiorizar as consequências das suas atitudes. Os pais devem ensinar que o mau comportamento, tem consequências negativas e quando se portam bem são elogiadas e admiradas.

Educar para se ser “bons pais” é perceber que existem momentos para dizer Não! Mas, que existem muitos outros para dar afeto e para elogiar o seu comportamento. Esta conjugação de amor e limites, permite que a criança adquira algumas das competências essenciais para poder crescer de forma salutar.

É fácil distinguir uma criança mimada e sem regras, de outra amada e com regras! O afecto ajuda a criança a sentir-se amada, mas se for com regras e limites, só contribui para a formação de uma boa autoestima, autoconfiança, autonomia e, para a saber comportar-se nos seus grupos de pertença, aumentando a possibilidade de a ser melhor aceite pelos pares.

Quando é uma criança mimada e não tem regras e limites, frequentemente tem comportamentos desajustados em qualquer local, seja na escola ou em casa, faz birras por tudo e por nada, não respeita nem os pares, nem os adultos à sua volta. A criança é desorganizada internamente, não tolera a frustração, nem desenvolve amor próprio.
  
Educar com amor é saudável e impor regras é organizador, apesar de alguns pais recearem que quando não satisfazem todos os desejos, a criança se torne infeliz, deixe de gostar deles ou sentem que não estão a ser “bons pais”. Essa dificuldade acontece, muitas vezes, porque os próprios pais não sabem lidar com o facto de sentirem os filhos frustrados. 

Amar a criança não é proteger em demasia, não é ser severo e rígido, mas dar afeto e impor limites na altura certa, facultando uma melhor preparação para enfrentar as vicissitudes futuras e para crescer mais feliz!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Como fazer melhor os tpc


Quando a criança não gosta de fazer os trabalhos para casa e a sua concretização é um sem fim de conflitos?

Esta rotina diária pode ser facilitada se tiver em conta as seguintes sugestões:

1.Facultar um momento para descontrair – A criança antes de ir fazer os tpc, deve escolher uma actividade lúdica que ajude a descontrair. Devem ser estabelecidos horários, não só para essa actividade, como para começar a fazer os tpc.

2.Arranjar um relógio- Permite que a criança visualize o tempo em que está a brincar e o tempo em que está a estudar.

3.Definir um horário de estudo Elaborar um plano de estudo em função da idade, das dificuldades da criança e dos momentos de avaliação.

4.Escolher um espaço especifico para fazer os tpc - Este local deve ter uma mesa, ser confortável e ter luz adequada. Evitar locais que facilmente distraiam a criança. 

5.Reunir o material – A criança deve ter tudo o que precisa, antes de começar a fazer os tpc para evitar distrações que possam contribuir para diminuir a sua concentração e rentabilizar o tempo dedicado aos tpc.

6.Evitar elementos de distração – Eliminar tudo o que pode interferir na atenção da criança, como televisão, rádio, estar alguém ao telefone ou a brincar no mesmo espaço.

7.Estar alguém próximo para tirar dúvidas - Ajudar a criança no momento em que precisa, oferece segurança e encoraja-a. Nunca deve fazer os tpc pela criança, mas sim ajudá-la a raciocinar e a sentir responsabilidade no que lhe compete.

8.Fazer intervalos- No momento em que a criança demonstra que está com pouco rendimento ou está a ficar mais desatenta, faça intervalos, mas com tempo pré-definido. Este tempo é importante para a criança volte a estar concentrada e não fique saturada.

9.Aprender a verificar se fez tudo Quando termina os tpc deve ser a criança a confirmar se fez o solicitado, antes do adulto os corrigir. Assim, desenvolve a competência de verificar os trabalhos ou testes antes de os entregar, evitando esquecimentos frequentes.

10.A criança precisa de errar - No processo de aprendizagem errar e corrigir o que estava mal, permite à criança compreender e ultrapassar melhor as suas dificuldades e desenvolve o pensamento.

11.Valorize os seus progressos Quando elogia o esforço da criança, está a estimular a sua autonomia. Estar atento ao seu empenho e dar motivação à criança, incrementa o desejo de fazer melhor. 

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